Pessoas que não têm o que fazer:

sexta-feira, setembro 28

Adeus setembro.


E se perguntarem o que eu estou sentindo, mesmo no ápice da sobriedade não saberia responder. Tentaria encontrar algum pensamento que pudesse, de alguma forma, remeter a uma lembrança de sentimento guardado e que não queira transparecer. Não que não sentisse mais nada, a vida só parecia menos intensa e os pequenos vestígios de sentimento pareciam se mesclar a ponto de ficarem quase imperceptíveis.
Poderia dizer que estava triste, mas estar triste é um sentimento muito nítido para um rosto que não esboça reação. Nem medo, frio, ansiedade, nada. Estava seca por dentro, seca por fora.

Estava perdida, se encontrando.

terça-feira, novembro 1

Viva!

Viver




A chance, é Deus quem concede.
Ver o mundo, aprender  com ele, sorrir quando a chuva não quer refletir o arco-iris, cantar mesmo sabendo que os pássaros fazem isso melhor, brincar como uma eterna criança que esqueceu de parar de crescer, amar um autrém mais do que a si, chorar porque a felicidade lhe virou as costas, se importar com o quão feliz as pessoas ao seu redor ficam à sua presença, cair e saber que só assim saberá a sensação gostosa de levantar, abraçar para compartilhar energias, dividir sensações, cantarolar sua felicidade, escrever o indescritivel, conhecer o que foi criado especialmente à nós, melhorar o que está perfeito, pensar que nada poderia ser melhor, ler o que os outros pensam... Sentir a vida, e aproveitar o que ela tem de melhor.
Se tão pouco sabes  o que é viver, dê a mão aquele que já muito viveu, embora todas as rugas e marcas de expressão em seu rosto flácido e suas roupas que cheiram amaciante, esta será sábia o suficiente para lhe mostrar.

Together



Era maio frio, chuvoso e cinza quando me despi ao luar a fim de juntar corpos e dançar a música da eternidade, que não soava como desejava, mas me adaptava ao ruído fino que adentrava causando inconsciência a cada noite fria.
Com todas aquelas histórias a contar, eu envelheci ao lado de um outrem como se aquela fantasia de noiva fosse durar o baile inteiro, como se o verão sempre fosse inverno e a minha felicidade dependesse do clima que sempre errava. A lua tinha mais a dizer para o outrem, do que ao eu, sempre disposta a decair aos seus pés, derramando os frutos do destino.
E não é metáfora isso de sempre ser o que não posso ser. É que sou misteriosa o bastante para não deixar que entres adentro como se eu fosse um museu que o passado pouco viu, mas fez pedaço milênios atrás. Se posso ser pouco do que não entendes, assim serei como as palavras que aqui jogo para formar um desentendido de sentimentos.

E ao separar siameses, ás vezes um deles morre.                             

Juntos, em alma e pensamento para toda uma eternidade.                                                                                                                     

terça-feira, agosto 30

Wings


Fumar um cigarro, abrir qualquer linha social, um vídeo do youtube que me faz fechar o Facebook, pintar o cabelo, jogar coisas fora, beber o liquido das vinícolas, prestar atenção em Amelie e me reencontrar.

Amanhã não estarei mais aqui.

quinta-feira, março 3

Aqui



Cairia a noite e naquele instante só sentira um gosto amargo que anestesiaria a dor. Não apresentava qualquer esboço de felicidade, ódio, medo, fé, ânimo, que seja. Sua imagem era apenas a forma de um corpo passageiramente cansado, tímido, abatido. Não falava a três dias e fazia desse meio tempo a forma clara do monótono dentre o palpitar de vontades. Vomitava o arrependimento de ter molhado os pés naquela tarde onde os olhos Dele se foram, sem que sequer lhe fossem deles, extraído o antídoto da saudade. E agora só me restam um vazio, uma lei que me obriga o repouso e os ruídos da madrugada.
Jamais transpareci o suficiente, mas estas madrugadas solitárias me agonizam com essa fervente ausência que tu me ofereces. É como querer algo que eu jamais teria. É como chegar a beira de um abismo e ter de seguir em frente. Desejos súbitos onde eu tenho que realizar um árduo caminho até realizá-los.

Sinto sua falta



A saudade é um pêndulo que oscila dentre sua presença passageira e as vontades repentinas de tanto te querer. É voar alto em dias que nada poderia nos separar senão a coerente física que dizia que dois corpos jamais se juntam ao certo: existirá sempre aquele espaço maldito menor que um nanocentimetro. Quer dizer que eu vou morrer sem nunca ter te tocado?
Mas eu sinto seu corpo perto ao meu, sufocando, provocando e desafiando a física.
Me sobraram as lembranças e uma camiseta que permanece com seu perfume. Hoje não dormirei sozinha. E só se passaram 29hs desde sua ida, restam muitas outras até o momento da chegada.
Saudade multiplicada esta que tanto trás angústia de querer te proteger, mesmo que em vão.
-

Nem ao menos me recordo a maneira de juntar as palavras e formar uma mensagem que chegue a seu coração em forma de sentimento. É desacreditar acreditando que você sabe o que eu ainda não te mostrei.

segunda-feira, janeiro 31

Olhe-me

Os olhos mostram o que as mãos não podem tocar, o que as palavras não podem dizer, compartilhando assim, uma infinidade de códigos indecifráveis.
Por intermédio destes olhos castanhos, que suas palavras são desnecessárias. A pouca experiência já me faz especialista fanática por seus olhos que tanto me dizem, tanto me mostram e ainda sim, peço-te a quebra do silêncio para que aja a certeza que o momento que eu for suficiente para evitar suas mágoas com apenas um olhar, breve chegará.
Essa música bonita que soava doce quando dizias "amo você" ainda não havia feito de mim, crente. Eu precisava que o sol brilhasse o dia inteiro, ou talvez, só quisesse a prova de que estivessemos mais que juntos por mãos que se tocam, e seu olhar...eu não poderia explicar, ele me deu tudo de que eu precisava naquele momento.
É que eu senti seu olhar rasgando-me a alma de forma tão profunda que me pus a chorar em seus braços. O seu amor em formato de olhar penetrou-me quebrando o silêncio.
E agora eu entendo a razão da qual os sábios dizem que o amor dói, mas que todo sofrimento é recompensado.

-

Dedicado a junção de nossas almas com seu olhar de preocupação diante de meu descuido naquele dia, na beira de um lago da cidade de Itu. Estavamos a mais que 24 horas sem praticar uma troca de palavras e tudo se quebrou.
Só eu vi seu olhar. Só eu o senti e enxerguei nele, sentimentos que ainda não foram nomeados.
E ao lembrar, eu ainda sinto ele me rasgando e ponho-me a cair em lágrimas.


domingo, janeiro 30

Era o motivo.





É porque eu era uma alma ambulante dentre tantas outras facilmente substituível. É porque eu crucificava um boneco de mim a cada erro, afirmando-me o pior gênero de ser existente nesse mundo que já não girava em meu eixo.
É que eu não sabia perdoar e fiz de mim uma personagem fictícia que amava mais do que era amada e já desacreditava nas formas e gradações desse amor. Amor esse de febre, que arde quando menos queremos,  cessa quando menos esperamos e volta naquela circunstância desprotegida em que ficamos nos dias de chuva. É porque o verbo amar pode ser concreto e abstrato, e eu nunca entendi ao certo o que isso significava, pois mesmo desacreditando, eu amava as formas mais desumanas e desagradáveis possíveis por ser uma alma ambulante que observava mais que rostos.

sexta-feira, dezembro 17

[...]Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o aquilo para mim.[...] E que eu use o formalismo que me afasta. Porque o formalismo não tem ferido a minha simplicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão íntima do mundo, mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo. Porque ele existe tanto quanto eu, e talvez nem eu nem ele sejamos para ser vistos por nós mesmos, a distância nos iguala. [...]  Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. [...]Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escadalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.


"Perdoando Deus" - Clarice Lispector. Adaptado para se encaixar melhor ao que sinto.

segunda-feira, dezembro 13

Fruto do olhar.


Vejo euforia em seus olhos, aqueles olhos que também pertencem-me em nossos momentos a sós, voltados a mim, que mapeiam, falam, mostram, brilham e em noites em que sou falha, sangram a mostrar que o que é recíproco tem de ser belo, aproveitado e jamais escondido.
Por noites já me deixei sangrar também. Perdida dentre pedaços de papel tentando descrever meus sentimentos que não me permitem dormir: a prova de que meu amor é puro e ingênuo, e meus olhos, sensíveis.
Olhos estes que veem no momento certo, a imagem envolvente que satisfaz, recupera, provoca e acelera batimentos cardíacos. Ah! E em pensar sorrindo que agora possuo duas frequencias cardiacas, sendo que esta segunda virá a ser o motivo de muitos sorrisos futuros, já me sinto mais segura. Terei você definitivamente em sangue, em alma, para toda a vida. Sorrisos e olhares originados do nosso amor convertido em desejo da carne onde os olhos se tocam. E assim, nascerá nosso amor eterno, unindo-nos para toda uma vida em sangue, o FRUTO.


I've got two hearts beating inside me.

quinta-feira, dezembro 9

Nós.



Vejo tudo enevoado. Consequência da paixão, que embora o amor, ainda é existente e não abre mão de cegar, ensurdecer e calar. Por sorte, não preciso tanto desses sentidos para me oprimir, me basta que seus olhos permaneçam fundados nos meus e que distância que separa o toque das mãos, não mais exista, pois não sei mais o que fazer sem o seu amor a alimentar-me os dias, ter o seu sorriso aberto aos fins de semana a entrar-me pelo coração por vezes me parece suficiente, mas na realidade eu nem sei como é que chego ao fim do dia sem estar enroscada no sofá a ver filmes ou a ler livros, em plena melancolia, não sei como agüento tanto tempo sem sua presença e seu conforto. Deve ser que sei que tempo passa depressa, e que a cada novo sol, menos tempo resta para nosso encontro de olhares.
O tempo é a coisa mais relativa do mundo. Essa vida parece até que vai mais depressa do que nós, parece que os dias comem uns aos outros. E é em alguns desses dias, que o amor fala mais alto e nos faz ver, ouvir e falar demasiado, fato que já nos arrancou lágrimas das entranhas. Lágrimas que ardem no peito e no orgulho, mas que pouco a pouco morrem sem deixar vestigios. O amor elimina. Provoca mas também elimina, e quando os olhos não mais puderem ver o que não existe, quando tudo estiver enevoado, sentirei-me a pessoa mais completa e feliz. Verei o que realmente existe, de fato: eu, você e o nosso amor, fértil.

quarta-feira, dezembro 8

O primeiro beijo

Uma tarde calorosa dentre tantas frias, e poderia até ser uma tarde comum, se não fosse o fato de ter sido ela que fertilizou nossas almas.
Eu não poderia ver, naquela tarde, o que seus olhos hoje me mostram, não poderia ler suas diversas expressões e não poderia saber o que seus lábios queriam pronunciar, mas poderia sentir, sentir minhas pernas trêmulas diante de ti, minha pele clamando pela sua, e lentamente... o desejo de me aproximar foi inevitável, queria tocar-lhe a pele e embalar-te em meus braços, mas recuei, recuei por pensar em diversos motivos que me fariam conter o desejo da carne que eu permiti existir, transparecendo que meus atos não poderiam ser vistos como corretos.
Aquela cama, que ainda não possuia nossos aromas misturados, mas tinha eu, você e a prova de que agora tudo faz sentido: os seus primeiros cuidados para com minha pessoa. E deste ato que resultou, o primeiro carinho, o primeiro sentimento de medo, o primeiro toque das mãos e o primeiro beijo...
Aquele primeiro beijo foi o que nos uniu em corpo e deu inicio a nossa união em alma que aconteceria futuramente. O nosso primeiro beijo, que me fez sentir uma garota inexperiente diante do amor, ainda oculto. Foi a escolha que me trouxe até você, e que até hoje me tira de mim e me leva a outros lugares até então inexplorados.

sexta-feira, novembro 26

But tomorrow may rain, so I'll follow the sun

Os dias se passam rápido. Ontem mesmo me peguei olhando para o céu, perguntando à minha força maior se meus atos refletiriam em um bem para mim, e hoje tenho o conhecimento adquirido ao passar dos dias que mais pareceram horas, que não preciso ter medo desse labirinto que me vem à frente, o único do qual nunca quero sair. Com calma eu posso mapeá-lo e conviver da melhor forma possível, detendo o pânico nas horas difíceis, dando o meu melhor para permanecer.
Os dias se passam rápido. Ontem mesmo eu estava sentada a calçada da rua, dizendo entre dentes o que eu falho sempre ao falar sobre, mas tentei, ontem eu tentei, hoje eu consigo e só consigo por um dia ter tentado e por ter me segurado o que me é de mais humano: as lágrimas.
Ontem mesmo eu estava apaixonada, sentada a beira de uma piscina me afirmando boba, questionando a reciprocidade de meu sentimento e com a vontade de fugir, como sempre. Mas não fugi, olhei bem fundo nesse seu abismo e pedi que secasse minhas lágrimas e curasse minha ferida.
Hoje, eu amo. Sem intensidade porque o amor por si só já é infinito. Amo, e não poderia explicar o inexplicável, nem descrever o indescritível. Eu amo você e isso por si só, já me basta.

NÃO!

Não sou o tipo de pessoa que baseia-se nos outros, que sente o que os outros sentem, que vive o que os outros vivem e que fala o que os outros falam. Irrelevando, claro, o fato de que sou uma pessoa de costumes comuns, de cultura ocidental, que porém, tenta da melhor maneira possível, encontrar aquilo que completa sem necessidade de ser manipulada por alguém. Digo isso porque observo pessoas há muito, e percebo que elas querem (subconscientemente ou não) ser iguais. Disputas por topo de depoimento em sites de relacionamentos, palavras precoces e ileais, ouvem a música que todos ouvem (ou tentam ouvir as que ninguém ouve, mesmo não curtindo), vestem-se bem com o intuito de causar inveja e não se importam com muitas coisas além disso. Não estou comentando sobre a geração de 5 a 14 anos (geração Colorida) estou falando de pessoas da minha faixa etária, pessoas que eu já convivi e não mais me interessam.  Nada contra, só não vivo disso, vivo de coisas concretas. Até o meu amor, dito na gramática como abstrato, é concreto.

quinta-feira, novembro 25

Uma vida.

Metade de uma vida inteira se passou, considerando-se o fato que uma vida inteira pode ser mais curta do que imaginamos e mais longa do que parece ser.
Uma vida inteira pode passar imperceptivelmente, complicada é a consciência pesada de quem não a aproveitou, de quem esperou a cada novo dia o próximo, sem perceber que metade de uma vida inteira se passou. Por ventura acabo que aproveitei os segundos como se fossem irrevogáveis, e eram, de fato. E mesmo se eu pudesse voltar atrás...faria tudo igual, pois agora posso descansar, aliás, já vivi os últimos segundos de minha vida por diversas vezes, fui o equilíbrio dentre os dois sentimentos habituais: a alegria e a tristeza.
Fui feliz enquanto criança, fui triste quando quis ser madura. Mas vivi, e esse é a único fato que pessoa alguma pode me tirar. Que me tirem a vida, mas a sabedoria acumulada ficará sempre com seu sábio.
Só não me compreenda mal, ainda tenho muito a viver, muito a sorrir e muito a chorar, só irei optar por viver os dias um a um, sem pressa. Eu quero que essa outra metade de vida que me resta, seja mais longa que essa citada, a que se passou.

sexta-feira, novembro 5

Limite Humano

É comum. Quero precisar, sem exigências, sem que me coloquem em provas de fogo ou me submetam a interrogatórios que não levam a lugar algum.
Quis ser algo que não poderia ser, quis vencer o que era indestrutível e fui falha por muitas vezes. Se é armadilha da vida, não sei, só aprendi que quando te arrancam as entranhas por diversas vezes, a dor é menos incomoda, e a resistência é maior.
Resisti até tal ponto que as dores de cabeça, as noites insones e o amor, já não me fazem sentir viva. Vivo e não respiro, só sinto a vida passar...  Os frequentes pensamentos importunos que tanto me afligem, me fazem esquecer quem sou, ou lembrar demasiado, quem era eu.
 E quando eu acordar desse sonho aflitivo com sensação opressiva, as flores começarão a nascer outra vez, o sol, irá brilhar, só para mim, todas as manhãs de cada novo dia. Por enquanto, continuarei sendo, da forma mais humana possível, o limite fictício de cada extremidade da cama, esperando palavras vagas, sem nenhuma metamorfose...
Estarei debruçada diante de ti, diante de todos, da forma mais humana possível.
Por tudo, estarei consciente de que não posso; não posso me mostrar sólida e segura enquanto estou fraca, não mais, esse é meu limite.
 -



Me falaram que ficarei louca se não parar de pensar tanto...
Me falaram, que talvez, eu fosse o que eu era e o que sou, não sou eu.
Mas eu só acredito no que minha mãe diz.

quarta-feira, novembro 3

Desorganizado





Enquanto eu continuar acreditando em palavras bonitas, talvez fingindo acreditar, haverá esperança.
Previno-me do amor e já me dei várias chances, continuarei dando. Um humano sem amor provavelmente será infeliz, arderás em guerras, destruirá sorrisos. Mas enquanto houver esperança de que todos são os certos, haverá amor nascendo e morrendo, nascendo e morrendo, nascendo e morrendo. Morrendo e nascendo.
Por vezes já me deu vontade de dizer “QUE MORRA DE UMA VEZ!”. Mas ele permaneceu por tanto tempo sem ser despertado que seria desperdício mandar tudo para o inferno.
Engraçado que ontem eu disse que tinha vontade de curtir a vida como antes, ignorando sentimentos... Nem eu mesma sei o que quero, por me basear nas pessoas a minha volta, que não sabem o que querem.
Não quero lágrimas aos meus pés, não quero o álcool evaporando ao meu cérebro, não quero lixo em minhas veias, não quero sexo em brasa. Só gosto do meu cigarro, de fato. Só me incomoda o cheiro, não a mim, mas os outros não são obrigados a sentir cheiros desagradáveis. É, venho me importando com os outros, como se eles fossem se importar comigo também, nunca fui a favor de “trocas-trocas” mesmo. Só.
Vou sentar e esperar o dia amanhecer, como todos os outros. Amanhã me lamentarei por não ter feito nada, por ter esperado demais dos outros, das outras, e eu? Fiz algo para mudar isso?
É que eu sempre sei que o sol não vai parar de nascer.

segunda-feira, outubro 4

Reflexão

E isso estará me deixando louca (o fato de eu pensar muito). Qualquer outro poderia passar pelo mesmo.
As decisões poderiam ser outras, prefiro ficar em cima do muro, como quem não quer nada, como quem não dá importância a nada, mesmo sem querer ser como aquela que se torna "neutra".
A perfeição me parece longe.

Permaneço formada de vontades e desejos, mesmo sem saber quais são, hoje. Oscilando entre sorrisos e lágrimas, deixando sonhos e uma vida planejada para trás, mas eu não tenho medo. Em um passado próximo eu tive, mas, individualmente falando, não tenho mais motivos.






Tenho dois corações batendo dentro de mim. E o amor está me causando dores na cabeça.

terça-feira, setembro 21

Amava a pátria e Beatles

Eu queria ser mais séria, mais adulta, mais desejada, mais sóbria. Essa crença me embalou por um longo ano, e eu deveria olhar menos para mim, me importar menos.
Passei a analisar com certa freqüência,. vidas, costumes, atitudes e até tentei descobrir o que aquelas pessoas passando na rua, pensavam. Tipo um Hobby. O rosto cansado não deixava dúvidas. Queria dormir, descansar, queria se livrar do capitalismo. No fundo não queria, ponderando o fato de que também, desejava algo.
-Oras, todos temos sonhos, metas e objetivos. Senão, continuamos essa dura linha da vida para quê? Para morrer? Nem vamos falar em morte, isso é ooooutra história, longa história.
“Dinheiro enlouquece pessoas”, se você está sempre por perto, deve ter ouvido de mim, essa afirmação, partindo desta, imagino casualmente o mundo sem afeto, ninguém terá tempo para coisas “idiotas”, não é verdade? Não tem mais jeito mesmo. Vou focar no meu presente e idealizar o meu futuro.
Causam-me dores-de-cabeça pensar no futuro dos outros.
Causam-me dores-de-cabeça pensar que o “próximo”, pode me fuzilar a qualquer momento,  acabando com parte do plano de uma vez.  E não me diga para “colocar os pés no chão”! É isso ou terei vindo aqui para nada.

Outra. Outrora.

- Feche os olhos – foi o que ela disse: Feche bem os olhos.
Somos eu e ela, personalidades distintas, um só corpo,  forças opostas competindo por uma posição ao trono. As forças benignas estão vencendo, mas esse laço ainda vai arrebentar.
-Vida pessoal ou profissional?
(Nessa pergunta ela quis dizer que o amor está desgraçando minha vida. Nunca concordei com essa senhorita, e não vai ser uma pergunta boba que vai me deixar pensativa).
-O amor nos prega peças, é traiçoeiro, mente e nos confunde. O conhecimento nos enlouquece, nos irrita, as vezes até fascina, o trabalho, enfraquece, dá dores-de-cabeça e deixa diariamente um gostinho de insatisfação misturado com café. Parece até que você não me conhece. Que não é o eu, o meu eu dentro de minha cabeça. Eu sei equilibrar as coisas, boba. Sei juntar bem com o mal, sei até conviver com você, evito colapsos. Você que imagina muito, sente muito... Agora  deixe-me sozinha que eu preciso fazer umas coisas.
-Pela sua expressão diria que sua cabeça dói.
-Não sinto mais nada. “Minha força está na solidão”, como dizia Clarice. Me alimento de sonhos e desejos incontroláveis, trato feridas evitando que lágrimas caiam sobre elas. Hoje ao entardecer sentirei o perfume dessas flores. Sentirei algo: a saudade provavelmente... A dor me parece irreal, por hoje.  O tempo tem me passado desse jeito, oscilando entre querer e poder. Ontem eu pude, amanhã eu vou querer, hoje...só penso, estou neutra. 

quinta-feira, setembro 9

Ela vai e volta.



 "Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite".
  
Clarice Lispector.

A dor é mais aguda, intensa e incômoda.
Árvores e borboletas faziam poesia. O fogo, orquestra melancólica.
5 cores de cabelo e um propósito, não me lembro qual, ficaram para trás;
E a maneira da qual aquele homem sentado do outro lado da praça vê, permanece, quem sentiu, mudou, muda, transforma. Junte os pedaços do que restou, e Voilá! Tens o que sou, mas, saberás o que sinto? O que digo? O que penso?
-Lamento, mas não posso fazer nada.
Ah, poupe-me dessa sua atitude medíocre. Vou é fumar um cigarro e correr contra o tempo que já estão me esperando para o jantar. Continue aí, sentada com essa sua bunda gorda nesse sofá que fede a gatos.
Nada contra gatos não, eles são sua única compania, eu sei. Você poderia muito bem mudar o mundo, nem que fosse “sua parte” do mundo, mas prefere ficar aí, debruçada no sofá, no chão... snif, digo isso porque me importo.
Mas isso me cansa... [...]
Lá fora está fazendo um barulho estranho, o vento. Acho que vai chover, vou tomar um banho quente, assistir um filme, comer pipoca, ler um trecho do meu livro favorito e escrever para ele.
Ele, o vento.


Obs.: Difícil é escrever algo sem alguma relação com o amor, quando o que mais quero, é abraçá-lo e dizer baixinho que o amo.

sábado, agosto 28

Tenho me apaixonado todos os dias, pela mesma pessoa.


Essa é a verdade sobra bebês.



Pena que não existem sensações sintéticas. Eu iria querer aquela de quando eu acordo, sentindo o calor de sua pele bem perto da minha, mil frascos do seu cheiro e um saquinho de abraços seus.
Ah, eu queria mesmo era uma casa, para criarmos um mundo só nosso, sem essas situações ruins que este, vem nos impondo.
Love u.

domingo, agosto 22

Diálogo.

• oi.
-olá.
• Como está?
-Viva.
• Não foi... Essa..a...
-Estou bem, se é isso que quer saber.
• Bem mesmo, ou...
-É instinto dizer que sempre estamos bem, evita comentários e perguntas desagradáveis. 
• Não gosta que comentem sobre seu bem estar?
-Não fará diferença o fato de gostar ou não. Certo?
• Errado.
-Saber que deixei alguém invadir meu lado pessoal, incomoda.
• Ouvi dizer que você é uma pessoa 'seca'.
-Ouvi dizer que não podemos acreditar em tudo que ouvimos dizer.
• É uma afirmação vaga.
-Olha, não sou "seca" não. Tenho sentimentos e tudo mais que uma pessoa normal tem.
• Deve haver alguma...
-Diferença? Ah sim, tenho. Eu não demonstro com freqüência o que sinto. Me ajuda a cortar mais rápido todo e qualquer sentimento, seja ele de dor ou de prazer. Mas existem milhões que fazem o mesmo, logo, não sou tão diferente assim.
• Mas porque faz isso?
-Auto-destruição cansa.
• Vida social não faz muito sentido para você...
-Gosto de pessoas. Às vezes saio de casa só para observá-las, imaginar o que pensam, o que sentem. Até tento me por no lugar delas.
• Acredita em destino?
-Nada é predestinado, escrito ou algo assim. Isso é papo de românticos de segunda geração.
• Não acredita em amor também?
-No amor sim.
• E paixão?
-Cega, surda, muda, doente mental e inevitável. Depois que passa, só restam as poesias. O tempo destrói tudo.
• Ah, então você escreve?
-Até meus oito anos de idade, talvez nove, escrevia. Hoje me contento com pequenos textos de desabafo, sem nexo algum.
• Li alguns desabafos seus.
-Interação social demais por hoje.
• Percebi que se arrepende do mal feito às pessoas que te rodeiam.
-Arrepender eu não me arrependo não. Antes eles se fudendo do que eu. Claro que eu poderia evitar, mas isso ferveria minhas entranhas.
• Egocentrista e individualista.
-Discordo em partes. Por sorte eu ainda consigo manter um pequeno grupo de amizades.
• Você deve se sentir sozinha
-Há dias que falta serotonina, ácido, açúcar. Mas graças a deus não tem acontecido muito.
Quem esse tal Deus?
-Ah, é um cara que as pessoas inventaram para culpar por seus defeitos e responsabilizar pelas coisas inexplicáveis. Ele seria o protagonista do mesmo filme que o diabo seria o vilão.
• Você me confunde.
-Nasci para confundir. Talvez ninguém saiba o que sou de verdade, o que sinto, o que faço, o que penso. Isso também ajuda afastar possíveis ameaças.
• Afastar?
-Usei o termo errado. Certo seria dizer que ninguém sabe como me atacar.
• Eu sei como.
-Como?
• Sei mais do que imagina.
-Quem é você?
• Seu subconsciente. Seu lado manipulador, ordinário, indolente.
-ahn?
• Aquele que mais te fez fazer coisas que você se questiona como teve coragem.
(silêncio)
• Fui eu quem fechou as cortinas quando o sol quis brilhar por dentre sua janela, fui quem matou a esperança da Maculinea alcon voltar, fui quem se esqueceu de regar seu jardim, fui eu que envenenei frutas que seus pássaros costumavam comer, fui eu quem quebrou todos seus ossos quebrados, quem sugou seu cérebro até sobrar essa merda, quem deixou essas marcas horríveis nos seus membros. Sou sua vergonha e decadência. E você não vai se livrar tão fácil dessa dor.

-Porque me procurou?
• Não preciso procurar. Te acho casualmente em qualquer esquina, olheiras a mostra, um sorriso meio de lado, olhar triste e portando um cigarro na mão direita. Apoiada em uma só perna, olhando para as unhas mal pintadas, quase sempre reclamando mentalmente do mal que tudo lhe faz, pensando em desistir. Sabe que eu até te acho forte. Só desistiu quando não tinha mais forças, quando o sangue e suor passaram a incomodar. E olha só, você chegou até aqui. E o que são essas marcas? Você quis guardar um pedaço da sua derrota?
-A vida é assim mesmo.
• Isso é o que você quer acreditar. Isso é o que enfiaram na sua cabecinha oca. Você não tem mais doze anos, está na hora de querer algo. Está na hora de c-r-e-s-c-e-r.
- Eu quero fugir para bem longe.
• Vai fugir sempre que o medo apertar?
(silêncio)
• Vai voltar a ser uma junkie fodida?
-Para, por favor.
• Você não tem jeito.

domingo, agosto 15

Machismo.

"Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração."



(Publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", 22/04/1986)

Paramos para pensar e repentinamente descobrimos coisas novas em nós. Descobri semana passada que sou uma fêmea um pouco machista. Isso mesmo! Penso que mulheres não podem sair dando para qualquer um, boa parte é muito atrapalhada (tipo eu, que nunca vou servir para dirigir?), outra parte é mais frágil que os homens e nascemos para sermos meiguinhas. E eu sei, é, eu sei que isso, vindo de mim, é contraditório. Doesn’t matter.
Porém, acredito que mulheres são mais que objeto sexual, mais que ‘esculturas’, que frutas, mais que bundas e que não deveríamos ser tratadas como bonecas infláveis. Muitas de nós tiveram tanto conteúdo desperdiçado que praticamente só temos ‘grandes nomes’ masculinos, e hoje, temos a chance de mostrar quem somos, e preferimos mostrar nosso corpo? Poupe-me de tanto.